Um panorama de empoderamento
feminino através da noticiabilidade das conquistas esportivas femininas na
mídia, que reverbera na sociedade.
A imagem faz alusão a conquista do ouro olímpico. As jogadoras da seleção brasileira parabenizam a judoca Rafaela Silva. |
No momento
histórico onde o país do futebol, diga-se de passagem, sediou uma Olimpíadas e
o mundo voltou seus olhos para a cidade do Rio de Janeiro, os holofotes se
direcionam também às mulheres, que brilharam, no sentido figurado e
literal, pois o número de medalhas conquistadas pelas atletas brasileiras foram
um destaque a parte.
Num país de
origem machista, que ainda hoje revela resquícios dessa herança patriarcal,
onde há uma “cultura do estupro” forte e também objetificação da mulher,
contribuindo para criação de estereótipos socialmente difundidos, foi
emocionante ver mulheres ganhando visibilidade por seu talento e dedicação ao
esporte, muitos até então majoritariamente praticados por homens, como é o caso
do futebol e judô.
Enquanto no
futebol masculino o desempenho ruim dos jogadores foi bastante criticado, na
seleção feminina as brasileiras foram elogiadas mundialmente pela sua dedicação
e empenho. No judô Rafaela Silva, mostrou uma história de superação, que
repercutiu e promoveu a discussão sobre respeito e empoderamento da mulher, em
especial das que fogem dos padrões sociais de aceitabilidade. Negra, pobre,
moradora da comunidade Cidade de Deus e mulher, a atleta encontrou no esporte
uma motivação para romper com os obstáculos apresentados pela vida e meio
social.
Nesse
panorama, a coordenadora do Forúm de Mulheres de Imperatriz, Conceição Amorim,
enfatiza que cenário de esportes foi historicamente monopolizado por homens,
elas só puderam competir em alguns esportes, nas olimpíadas, 30 anos depois que
os homens, entretanto as mulheres têm conquistado muito, e a sociedade não pode
ficar indiferente a isso. “O sistema patriarcal inibe a visibilidade das
mulheres no esporte, porque esse é considerado um espaço que não é delas, mas
as mulheres têm avançado bastante e a sociedade vai ter que engolir nossas
vitórias”.
Para uma das
representantes da Articulação Feminista de Imperatriz (AFIM), Priscila Vieira,
a popularidade que as atletas tiveram na mídia e a empatia que as pessoas
manifestaram para com elas, é um legado positivo das Olimpíadas, no que diz
respeito à valorização da mulher, principalmente quando suas histórias de
superação são enfatizadas em detrimento as conhecidas matérias sobre “musas” de
determinado esporte. Entretanto, “seria excelente se depois desse evento,
pudéssemos ver maior apoio financeiro às atletas mulheres neste país,
garantindo a continuidade dos bons resultados. Um momento histórico desses
eleva a autoestima do povo brasileiro ao destacar personagens que nos
representam tão bem, mas se não for acompanhado de políticas públicas
permanentes, o avanço continuará sendo lento”. Enfatiza, ela.
Na internet
os comentários feministas ressoam, são compartilhados e viram memes, neles a
afirmação é de que se os homens jogassem como as mulheres estariam vencendo
também, alusão contrapondo as piadinhas machistas de que as mulheres não seriam
boas o bastante em algumas atividades exercidas por homens e que jogam como
“mulherzinhas”.
Alguns dos memes difundidos na internet ironizando o comportamento da seleção masculina nos primeiros jogos
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