O poder dos cachos

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

O empoderamento feminino através da aceitação das cacheadas

Ana Clarissa Fonseca, conhecida por Clarinha, toda poderosa com seus cachos assumidos e bem cuidados. Foto: Acervo Pessoal

Diferentemente de alguns anos atrás, onde a ditadura da chapinha reinava absoluta, a progressiva era tendência e o volume era domado, hoje, os cachos conquistaram as cabeças femininas, realidade essa que contribui diretamente para o processo de empoderamento feminino e libertação dos padrões socialmente construídos.

Em um País tão miscigenado como o Brasil, não é de se esperar que todos tenham um mesmo tipo de fio capilar, por isso aceitar o enrolado natural dos cabelos teoricamente seria uma atitude comum. Seria, se não fosse pela carga cultural que eles carregam, pois têm relação direta com as raízes afro. Mas assim como os negros protagonizaram um cenário de lutas e resistências, as cacheadas estão cada vez mais se apropriando da sua real identidade para conquistarem a aceitação de suas raízes, históricas e capilares.

Tal conquista vem, em grande parte, pela representatividade que as donas de cachos famosos ganharam na mídia, o que, supostamente, inspiraram outras meninas a também aposentar a chapinha e assumir a beleza singular dos seus caracóis.

Para acadêmica de jornalismo Ana Clarissa Fonseca, 18 anos, alisada desde o início da adolescência, assumir os cachos representou uma libertação: “Todo mundo tinha o cabelo liso, o meu era diferente, parecia ser o defeito de fábrica, então alisava, sofria demais e ainda acordava 5 horas da manhã, todo santo dia, só para escovar e fazer chapinha antes de ir para escola. Mas aquele cabelo não era meu, quando resolvi assumir meus cachos, foi libertador”.


Para Ana Clarissa, os cachos são libertaçao

Esse processo foi possível porque Clarinha encontrou na internet a representação que tanto precisava. “Comecei assistir vídeos da Ana Lídia Lopes e Rayza Nicácio (blogueiras e Youtubers que fizeram transição capilar) e criei coragem, me aceitei. Foi uma mudança interna, que refletiu externamente. Hoje, amo meus cachos e sempre recebo elogios, mas porque eu me aceitei primeiro”, revela ela.





"(...) acordava 5 horas da manhã, todo santo dia, só para escovar e fazer chapinha antes de ir para escola. Mas aquele cabelo não era meu, quando resolvi assumir meus cachos, foi libertador" (Ana Clarissa Fonseca)






Para a dona de fios crespos, Jacilene Viana, especialista em cachos e proprietária do único salão para cacheadas e crespas de Imperatriz, quando uma mulher assume seu cabelo, ela se empodera e toma consciência da sua beleza real. “Quando uma mulher chega aqui no salão, ela não precisa só de um tratamento capilar, ela chega com a alma ferida. Mas quando ela assume a identidade do seu cabelo, ela se fortalece, ela se blinda contra qualquer tipo de preconceito, porque ela mesma se libertou dele. Ela sai daqui pronta pra conquistar o mundo”, explica ela.

1 Comentário

  1. Amei a matéria..
    E amo meus cachos, ainda não são como eu gostaria que fossem, mas amo eles rrss

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